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Arquivo de agosto 2011
Tempo futuro
31/08/11
Uma idosa no ônibus se queixou da idade,
reclamou do enfado do peso.
Conversa de passagem…
Disse que quando se é jovem
não sente o desrespeito que hora sente.
Numa cidade com percentagem dessa gente
ainda se sente o desrespeito
pelo que é de direito, pela essa gente que construiu e resistiu.
Quero eu no tempo futuro não me queixar assim
nem pelo peso nem por mim.
Quero semear umas árvores frondosas
com a força do carvalho e a beleza do flamboyant,
que vi, persisti e um jardim construí.
Dentro do peito
27/08/11
Vidas que se desencontram
Em um instante parece estar perto
Em nossa cabeça tudo se forma
Mas a vida faz caminhos incertos
Mais o amor de mãe eterno
Maças, iguarias, o alimento
Que ela prazerosa se apraz de contento
Na força do bem querer, se desfaz do ego
Quisera o meu leito
Pudesse caber o que tu tens
Dentro do peito
O calor de tuas mãos
Minha forte e doce mãe.
O sonho
20/08/11
O sonho de pé no chão
e a cabeça nas nuvens,
não conhece fronteiras
nem barreiras.
Dá um pulo,
em um segundo,
do outro lado de mim mesmo.
Fim de inverno
16/08/11
Um cavalo raspava a grama em Pau Ferro
e o sol aparecia no final da tarde;
o ônibus que em Jacarepaguá invade.
É tu Jacarepaguá nos teus sub-bairros!
Alguns têm o ar de interior,
na tua gente pacata
gerando o teu calor.
Gente como gente como o ambiente trata
e o sol se ponha nos montes,
no inverno o frio caindo,
a claridade sumindo
até que o dia desmonte.
E aja o gosto da amêndoa que ninguém come
das árvores que crescem aos montes,
ao sabor da chuva,
como postes que no cimento provoca fendas.
Folhas secas,
o comércio,
o ar de tuas ruas,
no sinal tudo se situa,
neste bairro que sempre cresce.
Eu daria as estrelas
14/08/11
Eu daria as estrelas do céu por um amor de mulher.
Daria o que tenho,
e até o que não tenho
por um coração a me acolher;
como eu gostaria de estender a minha mão
e tocar teu coração,
como estendo estes versos que penetram os teus olhos
tocando os teus sonhos;
pois os sonhos de uma mulher são como os de um jardineiro,
quereria que o mundo inteiro
pudesse admirar suas flores
e do perfume espalhar amores.
Computador
11/08/11
Fechado em seu computador
o homem circula pelo mundo
indiferente a fome e a dor
ele transita pelos sites de relacionamento.
Confia que o virtual é meramente
um apertar de botões,
cantões de visões
que iludem a sua mente.
Não sabe que nunca se consumiu tanto papel;
as impressoras batem o impresso
nas árvores que foram plantadas ao céu,
pois a tecnologia é apenas isso:
uma imitação da natureza
onde a tela mostra a beleza
do computador orgânico
que é cada ser humano.
Sentimentos
07/08/11
Às vezes eu não sei dizer bem
o que se passa comigo.
Hora vai, hora vem,
que na fala não fica exprimido.
E boto pra fora do peito,
pois tenho o direito
de me exprimir em arte
os sentimentos vêm e partem.
Pois nosso coração é um órgão
que pulsa a vida espremida e contida
dentro de nós mesmos a batida,
no interior o sangue são.
E me deixo levar por esses ventos
nos meus olhos míopes.
Pois o que mais enxerga é o pensamento,
hora alegre, hora revolta, hora triste.
Pois nem a solidão, nem a tristeza,
há de tirar de mim a clareza
de que a vida ligeira passa,
mas não os sentimentos em versos.
O rio
03/08/11
A chuva espalha o cheiro da terra molhada
Na terra sedenta queimada pelo sol.
O sol que castiga o sertão do arrebol
E forma lameirões, chuva e relampejadas,
Que chega ao São Francisco.
Então o Velho Chico irá encher;
Ficará pela lama amarronzado.
Da nascente tudo irá crescer.
Observo da margem o rio,
Acabou-se na terra o estio
O nível do rio subiu…
Quem já viu? Quem já viu?
De um lado Petrolina
Do outro lado Juazeiro.
As águas abraçando o povoado
Dando vida às pessoas, a terra.
O fluxo nunca vai cessar,
Quando estiver preservado
O que passa pelos povoados,
A veia do rio que vem lá das serras.