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Arquivo de março 2012
Corpo
30/03/12
O Homem na cadeia alimentar
faz da natureza o quiser dar,
desde um simples grão de semente
até uma manada de ruminantes.
manipula,
induz,
interfere,
na teia alimentar
Manipula a natureza a seu favor
ao longo da história.
Hoje,
transforma o que quiser
em apenas escória.
corpo
escopo
esgoto
fosso
oco
Não se toca no compromisso
de acabar com a fome,
que ainda hoje assola o próprio Homem.
Silêncio
28/03/12
Sentir nas madrugadas
o silêncio,
e nas manhãs
acordar silente
descarregado no divã
o sono da noite,
porque na noite o sonho descarrega por si mesmo
o imponderável segredo
(o aquário)
do dia que vai nascer
e alvorecer enredos
do segredo
que não se revela,
só o frescor da manhã
quando se abre a janela.
Os dias se repetem
26/03/12
Os dias se repetem,
mas,
não são iguais.
O sol nasce
não como ontem
houvera nascido.
É como um quadro novo
que o pintor celeste pinta,
com as mesmas tintas.
A noite vem
23/03/12
A noite vem,
a chuva cai na tardezinha
rápida e ligeira,
refresca o calor do dia e faz bem.
O cheiro do molhado invade a casa inteira
neste verão-outono transição,
anunciou vida
nas casas que se avizinham,
se despedindo do verão.
A guerra marcha
22/03/12
A guerra marcha.
Guerra depende de suas armas,
movimentando ideais.
O que dizer então
da guerra pela natureza,
a guerra do Sudão?
Neste disparate de opostos
vence quem for mais forte
porque a vida quer suporte
pra se manter sustentada,
vida as vezes tão amada,
as vezes tão odiada,
daqueles que carregam a morte
nas veias de suas mãos,
que anseiam por poder
onde pisam o chão.
Quem é essa que bate em minha porta?
21/03/12
Quem é essa que bate em minha porta?
Eu sou a poesia!
Quero entrar na tua casa, cear contigo, te chamar de amigo.
Posso ser doce como o mel
ou amarga como o fel.
Quero ouvir suas palavras
como quem na terra lavra
a semente do amanhã
de simples palavras
como a flagrância da hortelã.
Na ponta dos seus dedos
acenda chamas
desenlace segredos
e renove esperanças
para que seu texto
não seja em vão
fazendo pulsar no compasso
do seu coração.
Ninguém é ninguém!
19/03/12
Ninguém é ninguém!
Pudesse estas letras
repousa-se no bolso de alguém,
não como dinheiro ou valor,
pois o bolso que eu falo é o do coração.
Ninguém é ninguém!
Porque ocupamos espaço na matéria,
não é o montante na conta bancária que faz alguém ser alguém,
você tem direitos e deveres, direito a vida, vota, compra, paga imposto,
isto posto,
faz você um cidadão,
sem retorno ou não.
O amor está de mãos estendidas,
se podes mover-se para receber
ainda é tempo de uma re-volução,
é preciso estar sensível para percebê-lo,
ele está presente todos os dias,
no vento que revolve seus cabelos.
Numa palavra suave que lhe toca,
não deixe seu coração fechar a porta.
Deixa-me levar teu coração
16/03/12
Deixa-me levar teu coração
Bela, eu te faço uma canção
Toda pra você
Te dou meu amanhecer
Bela, eu te faço uma canção
Deixei de corpo inteiro
Meu mundo em tuas mãos
Não me diga um não
Meu coração é sincero
Bela, eu te faço uma canção
Te dou o céu mais azul
Que já viste com teus olhos
Olhando de norte a sul
Não há nuvens nem atalhos
Pra ti dizer do meu amor
Que dou feito menino
Você é manancial no caminho
Água que alivia o calor
Bela, eu te faço uma canção
Minha flor de açucena
O sol de Ipanema
Não é mais belo do que tu
Minha Foz do Iguaçu
Bela, eu te faço uma canção
Engarrafamento
15/03/12
Engarrafamento
lento
os carros
mais e mais
aumentam
comprimidos
no gargalo
do trânsito
temerário
no tempo
que se gasta
marcha lenta
mais rápido
é bicicleta
o que nos resta
é um mar de carros
pra que presta?
um monte de ferro
sem sair do lugar?
Fastio
14/03/12
A casca do ovo se quebra.
Assim, que se rompe o invólucro
da célula do ovo cozida.
A manhã desafia a mim próprio
pra merecer mais um dia,
que me acorda nesta terça
que quer que meu corpo obedeça
a claridade da manhã que se anuncia.
No estômago a sensação
de imenso e profundo fastio;
o radio toca uma canção
que faz aumentar o alivio.
Como devoro as letras das canções
que dizem da natureza,
me fazem relembrar emoções
de sensações de beleza.