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Arquivo de março 2013
Como uma porta
30/03/13
As vezes ficamos de um lado pro outro
como uma porta
presa pela dobradiça
porque a saída
é sempre a mesma
apesar de pelejarmos
para não ficarmos
na mesmice
solução repetitiva
É preciso abrir novas
janelas
com novos horizontes
porque apesar dos montes
que se repetem
e cansam nossas
pálpebras adormecidas
sempre há
um lugar
um canto
entre tantos
caminhos que nos perseguem.
Ao digitar
28/03/13
Meus dedos tentam escrever versos
que surgem no pensamento
ao digitar
sem meditar
só o que a mente ebule
o café no bule
ou cafeteira
numa quinta-feira
de resto de semana
que ata e desata nós
Em cada criatura humana
o sentimento
num vai e ir
porque o existir
é o vivenciar momentos
que vagueiam pela sala
andam no corredor
sentem o ventilador
e olham pela janela
o escurecer da tarde.
O amor tece antigas canções
26/03/13
O amor tece antigas canções
que o fôlego do vento
busca lento
saudades esquecidas
na ferrugem
do tempo.
Busco considerações,
busco o brilho
do olhar
de mulher
que eu possa tocar
com palavras
e gestos simples,
pois a vida é tão
simples
como o respirar
aromas,
odores odores
da estação
do lime.
Guardadas
em antigas lembranças…
-E vem a realidade e arranca!
Outono
24/03/13
Os extremos tomaram conta do tempo,
O frio do sul vai e vem,
tanto melhor para bem,
porque me alegrou na pele o vento.
Parece-me que não há o que regular
a brisa que vem nos corpos
e assim se alegram os que gostam do mar,
na cidade o sobe e desce dos termômetros.
A metrópole entre o mar e a serra,
incontestáveis são seus atributos
de beleza entre o céu e o chão.
O olhar não se cansa nem se encerra.
Carioca nascido entre Ceará e Pernambuco,
de onde trouxe um certo olhar do sertão.
Cataclisma
22/03/13
Um cataclisma, num apagar de luzes de estrelas
silenciou o universo inteiro de repente.
Emudeceu toda força das fortalezas…
Os governos não esperavam por isso, surpreendente.
Reuniram-se os chefes das nações,
que sem manhã, planejaram um mundo daí em diante.
Debateram, debateram em busca de soluções…
quando decidiram o que seria daqui pra frente:
Os tipos de governo, religiões e o povo
seguirão as normas dos que sobreviveram,
acenderão fogos e luzes por todo mundo…
Antes que o frio congele nossa pele…
e todos num júbilo constante orarão,
até os céus, pra que o frio (dentro de nós), não nos desintegre.
Sentidos
20/03/13
Na cidade
onde a natureza
privilegiou
e moldou nos séculos
de séculos de séculos
hoje na dureza
que a cada ano se repete
o mesmo cair do céu
a estação das chuvas
águas amargas
o rio que rompe o véu
das nuvens estendidas
caindo sobre
árvores e ribanceiras
as pessoas no sentir da pele e força
pedindo ao céu que as ouça
repetindo maneiras
de sobreviver
em cima
do fio
de risco
ao relento de noites
frias
na necessidade de refazer
o que foi perdido
em todos os seus sentidos.
Sentidos
19/03/13
Abri os olhos dos sentidos
os olhos
o paladar
o olfato
os ouvidos
escutei as águas de março
senti o cheiro das chuvas
no gosto dos dias eu me acho
mas os olhos nem sempre veem
o que querem
seguem imagens que se apresentam
e giram
manchetes no ar
vultos virtuais ou não
e quem
esmera-se estender a mão
em fatos rotineiros
ou inesperados
o vento passa ligeiro
pés molhados no chão
passam ruas
casas
calçadas
encharcadas
março passa molhado
marcando vidas
ou não.
Gaiola
16/03/13
Estou como uma árvore
plantada em um vaso.
Meu mundo virtual foi
invadido.
Pássaros presos em gaiola
pequena.
E o povo pede
esdrúxula
megasena.
O Papa se intitula
Francisco:
Diz que a Igreja
corre risco.
E onde fica
nossa vida
em tudo isso?
Fica presa
no sistema.
Livre expressão!
Até que fazer
poesia
vale a pena,
não?
Poesia
14/03/13
Deixa eu sentir
o teu aroma
de cravo e hortelã
debruçar no teu colo
macio
toda soma
do puro elixir
ouvir os teus versos
eu quero esta perto
de ti
poesia.
Acordar
10/03/13
Acordar de manhã cedo,
enchi a concha da mão
com água que refrigera
a torpeza no clarão
do dia.
Ouvi vozes já acordadas.
Acordo cedo
no cantar da claridão
o repetir de manhãs passadas,
a cama amassada,
arrumo sem sentir.
Na janela quase não dá para ver o céu
e o silencio da manhã
é tomado por rumores,
e no mundo se abrir
para toda atitude sã,
no dia anterior planejado.
Na chaleira
sobe o café turco
com pão que não costuma ser comprado.
Domingo, primeiro dia da semana,
há de se manter a chama
como ruas povoadas
e mal tratadas
de poeiras de construções
para abrigar vida
na cidade desmedida.